terça-feira, 24 de novembro de 2009

CARTA ABERTA À SOCIEDADE FORTALEZENSE

A história do nosso Lagamar é mais uma história entre tantas outras em Fortaleza de luta pela terra no espaço urbano. Isso significa enfrentar sistematicamente a especulação imobiliária, inimiga comum das comunidades pobres que habitam espaços disputados pelos interesses imobiliários. Uma questão que não é “privilégio” da capital cearense, pois, de fato, a especulação de terras é uma das principais fontes de lucro dos especuladores inimigos do povo. Desta forma, os interesses privados de acumulação de riqueza levam desgraça para milhões de mulheres, homens, jovens, crianças e adolescentes que habitam áreas de interesse destes especuladores. Tem sido assim, as nossas vidas na área do Lagamar acerca de cinqüenta anos, enfrentando ameaças da perda da moradia conquistada com muita luta.

Mesmo sabendo das dificuldades de lutar, nós fizemos muitos movimentos para garantir o direito à terra, à urbanização e muitas melhorias para todos que aqui vivem. Tivemos muitas conquistas também, mas o papel das nossas casas nunca chegou em nossas mãos e muitos serviços da urbanização, realizada no fim da década de 80 e começo de 90, já não existem mais

E como antes, não vamos fugir de reivindicar o direito à nossa terra. O Lagamar está na luta de novo! Pelo documento da casa e pela reurbanização, pelo reconhecimento como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), assim como foram reconhecidos, o Pirambu, o Bom Jardim e o Serviluz. A cidade de Fortaleza é conhecedora de que somos um assentamento urbano consolidado, embora com muitas carências e problemas de múltiplas ordens.

Assim, mais uma Marcha aconteceu, composta pela diversidade humana do lugar, é a resistência de gerações passadas com a história de defesa da terra que nós garantimos arriscando nossas próprias vidas. Não podemos esquecer o papel de destaque das mulheres que agora retomam a luta com a sabedoria de quem manteve acesa a chama do sonho pela terra, e com a dignidade do dever cumprido nesses cinqüenta anos. Elas também Marcharam. É acreditando nessa diversidade de sujeitos do lagamar e na sua capacidade de protagonizar a luta pela ZEIS que marchamos no dia 17 de novembro e vamos lutar pela defesa de nossos direitos.

A sociedade sabe que a luta pelo reconhecimento do Lagamar enquanto ZEIS é uma luta estratégica, pois está relacionada ao processo de reurbanização de Fortaleza e essencialmente ao direito à cidade, por isso nossa reivindicação não é simplesmente uma luta do Lagamar. É a luta de toda a sociedade fortalezense. Assim convidamos todos e todas para marchar e construir um movimento de solidariedade pautado na convicção de que com esperança, união e luta é possível construir um novo amanhã no Lugar que nós aprendemos amar: o Lagamar!

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